XI
Johann Emanuel Pohl, nascido em Viena no final do século XVIII, era um cientista (hoje poderíamos dizer ser uma mistura de médico, botânico, geólogo, além de desenhista) que, como servidor da Casa Real austríaca, veio para o Brasil em 1817 integrando uma missão derivada do casamento da arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria com o príncipe D. Pedro de Bragança, o futuro imperador D. Pedro I do Brasil e rei D. Pedro IV de Portugal e Algarves.
No Brasil, Johann Pohl decidiu empreender uma viagem pelo interior do país, que durou quatro anos, saindo do Rio de Janeiro, passando por Minas Gerais e chegando até a área que hoje corresponde ao Estado de Goiás. Nestas andanças, chamou-lhe a atenção a presença do negro africano escravizado, tanto nas atividades urbanas como rurais e, em particular, a sua obstinação em aproveitar cada pausa da extensa e intensa jornada de trabalho para dedicar-se a atividades de lazer e sociabilidade que ele anotou com os termos “batuque” e “batucada”. Pohl também registrou a obstinada, mas inútil, resistência das autoridades locais, laicas e religiosas, contra estas práticas “lascivas” e “indecentes” dos “selvagens” africanos: